Conflitos das Autonomias da Madeira (80)
- Rendição da Madeira: De
29 de abril a 1 de maio de 1931, o «Vasco da Gama» bombardeou vários pontos dos
arredores do Funchal sem provocar mortos ou feridos e, a 30 de abril, o
almirante desencadeou uma operação de maior envergadura contra Machico, e
concentrar nas posições dos rebeldes no Funchal.
“A rebelião terminou tão abruptamente como
principiara. Às primeiras horas de 2 de Maio, um chefe rebelde procurou refúgio
a bordo do «London» e, durante a manhã, o general Sousa Dias e os seus
associados renderam-se. Como não tinham possibilidade de garantir as vidas do
Delegado Especial e dos Governadores Civil e Militar, que se haviam mantido
leais e eles haviam aprisionado, estes foram igualmente transferidos para o
«London». Muitos outros rebeldes seguiram para bordo de unidades de Sua
Majestade a seu pedido, mas sem que lhes fosse feita qualquer promessa. Depois,
ante a garantia do Governo Português de que lhes pouparia as vidas, regressaram
à ilha. Durante o interregno entre a rendição e a chegada das tropas
governamentais, a propriedade britânica foi protegida por navios de Sua
Majestade. Não se registou qualquer baixa entre os súbditos britânicos ou
estrangeiros, nem estragos na sua propriedade”. (João Soares, A Revolta da
Madeira, Açores e Guiné 4 de Abril a 2 de Maio de 1931, Documentos, pag. 260,
1979).
A situação política no
Continente após a rebelião da Madeira foi de clamorosa receção do almirante
Magalhães Correia e das suas tropas ao chegarem a Lisboa. Ele tinha salvado a
ditadura com a sua firmeza e moderação no comando da expedição à Madeira. Este
triunfo do Governo sobre as forças agitadoras proporcionou à ditadura um novo
fôlego. Os seus oponentes haviam tentado provocar o regresso à velha ordem pela
força das armas. e sucumbido. Não obstante, foram feitas algumas concessões ao
vasto corpo da opinião pública, que considerava a ditadura provisória. foi
promulgada uma lei eleitoral, mas em moldes novos: estabelecer-se-iam conselhos
distritais e municipais mas com direitos limitados, os quais constituiriam um
corpo de maior envergadura. as mulheres passariam a poder votar e o
recenseamento deveria ficar concluído a 1 de julho, período mais tarde
prorrogado.
“Como o Presidente da
República declarou, em Maio, numa revista às tropas: «A ditadura não pode ser
eterna» No entanto, o Governo não estava disposto a caminhar demasiado
depressa; preparava o caminho, não para o regresso à antiga ordem de governo
parlamentar, que conduzira à corrupção, mas para uma nova ordem que impediria a
destruição da acção da ditadura. Foi com essa finalidade em vista que se
organizou a União Nacional e o general Carmona na inauguração dessa
organização, a 17 de Maio, salientou que a ditadura só entregaria o poder ao
Governo Civil estabelecido pela futura Constituição, quando isso fosse
justificado pela situação nacional e internacional e, entretanto, manteria a
ordem e castigaria os perturbadores da paz. (…)
A constituição da União
Nacional representou, portanto, motivo de uma manifestação patriótica, em que o
entusiasmo pelo Dr. Salazar se mesclou com o temor pelo desenrolar da Revolução
Espanhola. Acudiram a Lisboa, em quantidade apreciável, estudantes do Porto,
Coimbra e Braga, que se manifestaram publicamente contra a Espanha e a favor da
Grã-Bretanha. Registaram-se duas notas dissonantes. Os estudantes destruíam a
tipografia do vespertino «República», contrário à ditadura, e foram atacados com
bombas por partidários da oposição”. (Idem).
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