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domingo, 24 de abril de 2022

 Conflitos das Autonomias da Madeira (80)

- Rendição da Madeira: De 29 de abril a 1 de maio de 1931, o «Vasco da Gama» bombardeou vários pontos dos arredores do Funchal sem provocar mortos ou feridos e, a 30 de abril, o almirante desencadeou uma operação de maior envergadura contra Machico, e concentrar nas posições dos rebeldes no Funchal.

“A rebelião terminou tão abruptamente como principiara. Às primeiras horas de 2 de Maio, um chefe rebelde procurou refúgio a bordo do «London» e, durante a manhã, o general Sousa Dias e os seus associados renderam-se. Como não tinham possibilidade de garantir as vidas do Delegado Especial e dos Governadores Civil e Militar, que se haviam mantido leais e eles haviam aprisionado, estes foram igualmente transferidos para o «London». Muitos outros rebeldes seguiram para bordo de unidades de Sua Majestade a seu pedido, mas sem que lhes fosse feita qualquer promessa. Depois, ante a garantia do Governo Português de que lhes pouparia as vidas, regressaram à ilha. Durante o interregno entre a rendição e a chegada das tropas governamentais, a propriedade britânica foi protegida por navios de Sua Majestade. Não se registou qualquer baixa entre os súbditos britânicos ou estrangeiros, nem estragos na sua propriedade”. (João Soares, A Revolta da Madeira, Açores e Guiné 4 de Abril a 2 de Maio de 1931, Documentos, pag. 260, 1979).

 

A situação política no Continente após a rebelião da Madeira foi de clamorosa receção do almirante Magalhães Correia e das suas tropas ao chegarem a Lisboa. Ele tinha salvado a ditadura com a sua firmeza e moderação no comando da expedição à Madeira. Este triunfo do Governo sobre as forças agitadoras proporcionou à ditadura um novo fôlego. Os seus oponentes haviam tentado provocar o regresso à velha ordem pela força das armas. e sucumbido. Não obstante, foram feitas algumas concessões ao vasto corpo da opinião pública, que considerava a ditadura provisória. foi promulgada uma lei eleitoral, mas em moldes novos: estabelecer-se-iam conselhos distritais e municipais mas com direitos limitados, os quais constituiriam um corpo de maior envergadura. as mulheres passariam a poder votar e o recenseamento deveria ficar concluído a 1 de julho, período mais tarde prorrogado.

“Como o Presidente da República declarou, em Maio, numa revista às tropas: «A ditadura não pode ser eterna» No entanto, o Governo não estava disposto a caminhar demasiado depressa; preparava o caminho, não para o regresso à antiga ordem de governo parlamentar, que conduzira à corrupção, mas para uma nova ordem que impediria a destruição da acção da ditadura. Foi com essa finalidade em vista que se organizou a União Nacional e o general Carmona na inauguração dessa organização, a 17 de Maio, salientou que a ditadura só entregaria o poder ao Governo Civil estabelecido pela futura Constituição, quando isso fosse justificado pela situação nacional e internacional e, entretanto, manteria a ordem e castigaria os perturbadores da paz. (…)

A constituição da União Nacional representou, portanto, motivo de uma manifestação patriótica, em que o entusiasmo pelo Dr. Salazar se mesclou com o temor pelo desenrolar da Revolução Espanhola. Acudiram a Lisboa, em quantidade apreciável, estudantes do Porto, Coimbra e Braga, que se manifestaram publicamente contra a Espanha e a favor da Grã-Bretanha. Registaram-se duas notas dissonantes. Os estudantes destruíam a tipografia do vespertino «República», contrário à ditadura, e foram atacados com bombas por partidários da oposição”. (Idem).

(continua)                                      

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