600 Anos – Modelos de Autonomia
Os
ideais da expansão cristã reacenderam-se quando, no século XV, os rendimentos
da Ordem de Cristo foram investidos na gesta da exploração marítima, na
sequência da fundação da Escola Náutica de Sagres, em 1420, pelo Infante D.
Henrique. Com a chegada dos navegadores ao Porto Santo (1418) e à Madeira
(1419), o capitão João Gonçalves (Zarco) com Tristão Vaz Teixeira e Bartolomeu
Perestrelo, não se privaram de esforços para lançarem as bases do povoamento e consequente
utilização útil da nova terra de promissão. Tudo ficou garantido quando o
Infante D. Henrique passou a ser o novo “dono e senhor” da nova terra encontrada,
graças à Carta de Doação do rei D. Duarte, seu irmão, em 26/09/1433, concedendo
todos os direitos, rendas, poderes e regalias, menos cunhar moeda e o exercício
de Justiça Suprema que pertenciam ao rei.
Sem
grandes modificações, foi aplicado o modelo da estrutura social e económica do
Reino ao primeiro território descoberto, com as suas características específicas,
moldadas pela situação geográfica, pelo clima e pela irregular orografia, onde
os navegadores encetaram o povoamento. Foi sobre este basalto revestido de
verde que os povoadores começaram a construir a Madeira do futuro. Foi a
caminhada durante 600 anos, ligada à construção da vida social, económica,
religiosa, política e administrativa que gerou o povo que hoje somos.
A
fixação dos primeiros habitantes, num processo de migração de colonos do reino
e do estrangeiro, a que se juntou mão-de-obra escrava das Canárias e da costa
da Guiné, foi facilitada pelo despovoamento das ilhas, mas onde o arvoredo se
impunha e dominava, fazendo crescer em todo o território grandes barreiras à sua obra.
Desde aqueles
memoráveis anos, o Arquipélago da Madeira passou por denominações várias, a par
dos constrangimentos derivados da sua especificidade atlântica que motivou
formas de governo com características próprias. Chamou-se «Província
Ultramarina»; «Colónia» no sentido administrativo e económico; passou a «Província» do reino em 1771; «Ilhas
Adjacentes» com a Constituição de 1822, designação que se manteve com as
Constituições seguintes; com a Constituição de
1933, foi apenas «Arquipélago da Madeira»; com a Constituição de 1976,
artigo 5º: “Portugal abrange o território historicamente definido no continente
europeu e os arquipélagos dos Açores e da Madeira”, embora tivesse sido esta
Constituição que determinou o fim das
designações anteriores, incluindo a de «Distrito Autónomo», passando a ser
«Região Autónoma».
A Madeira teve
cinco Donatários e quinze Capitães Donatários na Capitania de Machico, dez na
do Porto Santo e onze na do Funchal;
durante o domínio filipino, existiram dezassete Governadores-Gerais; no
período da Restauração da Independência de Portugal até o Liberalismo existiram
trinta e seis Governadores/Capitães-Generais; apenas seis desde a Revolução
Liberal até a Monarquia Constitucional; no período que decorreu entre a
Monarquia Constitucional e a implantação da República foram quarenta e um Administradores/Governadores
Civis; durante o período da I República, foram vinte e nove; apenas dezassete
durante o Estado Novo.
Sete anos feitos desde a aceitação da doação, o primeiro
Donatário, Infante D. Henrique, fez o que poderá chamar-se «primeira divisão administrativa do
território», consubstanciada nas Capitanias de Machico (08/05/1440); Porto
Santo (01/11/1446); Funchal (01/11/1450), doações que foram confirmadas por D.
Afonso V em 1451
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