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sexta-feira, 3 de junho de 2022

 

 Conflitos da Autonomia com Salazar

 

O «Golpe Militar de 28 de Maio de 1926», liderado por Gomes da Costa, a partir de Braga, pôs fim à «I República» e instala a «Ditadura Militar», um regime de cariz totalitário que abriu as portas ao «Estado Novo» que durou 48 anos.

Em 13 de Outubro daquele ano, por iniciativa do Ministro das Colónias, João Belo, o Governo da ditadura militar aprovou, através do Decreto nº 12.485, o Estatuto Orgânico das Missões Católicas Portuguesas de África e Timor.

 

Em 3 de Junho de 1926, António de Oliveira Salazar foi nomeado Ministro das Finanças, mas a instabilidade política leva-o a regressar à vida académica em Coimbra.

Um mês depois de deixar o Governo, foi nomeado, em 24 de julho, para presidir a uma comissão encarregada de organizar o sistema fiscal, cujo relatório e projetos de lei foram entregues ao Ministro das Finanças, general Sinel de Cordes.

Com críticas publicadas no diário católico «Novidades»,discordando da política financeira de Sinel de Cordes, Salazar foi chamado para a pasta das Finanças no IV Governo da Ditadura Militar, tomando posse no dia 27 de Abril de 1928, na sequência do Decreto nº 15.409, daquela data. Este novo Governo, que não governou muitos meses, era presidido pelo general José Vicente de Freitas, um madeirense natural da Calheta, que tinha sido Governador Civil da Madeira entre fevereiro e maio de 1915; a 28 de abril de 1918 foi eleito Deputado pela Madeira e, entre 1926 e 1927, foi presidente da Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Lisboa

 

Com nova remodelação do Governo, em janeiro de 1930, o Presidente da República, Óscar Carmona, mantém Salazar como ministro das Finanças e atribui-lhe a pasta das Colónias. Como Ministro de duas pastas, Salazar impõe a sua política para as Colónias e destaca-se no reequilíbrio das finanças públicas, sendo “premiado” pelo Presidente da República com a sua nomeação, no dia 5 de julho de 1931, para chefiar o VIII Governo da Ditadura Militar.

Começou, assim, a grande marcha do salazarismo que imprimiu à política portuguesa um rumo ditatorial e uma visão mais centralista do Ultramar Português. Mas a ditadura, que durava há cinco anos, tinha muitas contestações, de tal ordem que, em abril e maio daquele ano de 1931, nos Açores, na Madeira e na Guiné, tiveram lugar diversas tentativas de revolta na sociedade civil e militar, manifestações de estudantes e populares (principalmente em Lisboa e no Porto). Só que foram todas reprimidas por contingentes militares fiéis ao Governo, foram feitas muitas prisões, demissões na função pública e deportações. Entretanto, o «Estado Novo» bateu no fundo, de tal modo que nem a «primavera marcelista» o salvou; as eleições eram uma farsa; as reivindicações por mais autonomia não pararam, assim como as revoltas do povo também não. Temos como exemplos a Revolta das Águas na Calheta em 23 de junho de 1953; na Ponta do Sol em agosto de 1962; alguns órgãos de comunicação social, nomeadamente o «Comércio do Funchal», procuraram por todos os meios desviar a atenção dos censores, promovendo a contestação às políticas do Governo Central e ao mandatário deste na Madeira.

Chegado para exercer as funções de Governador Civil, Braamcamp Sobral foi presenteado em 15 de maio de 1969 com um documento subscrito por trinta e nove madeirenses, estando em primeiro lugar o Dr. António Loja, onde relatam a situação política, económica e social da Região e solicitavam diálogo e mais abertura do regime. Tratava-se da «CARTA A UM GOVERNADOR», datada do dia 22 de abril de 1969, reeditada em 1994.

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