PS-Madeira – Estruturas, Congressos e
Líderes (7)
No PS-Madeira, foi a primeira vez
que um candidato desistiu alegando métodos pouco democráticos, levados a cabo
pelos dirigentes que dominavam o aparelho partidário. E infelizmente, a existência
de tais métodos foi um facto porque os seus autores eram peritos em tais
práticas.
Mota Torres ficou só na corrida à
liderança com a sua moção «UMA AUTONOMIA PRESTIGIADA. A MADEIRA RESPEITADA». Os
objectivos de 1993: «Unir, Prestigiar e credibilizar o PS-Madeira» não tiveram
real expressão nos dois anos de liderança que estava prestes a terminar, apesar
dos resultados obtidos nas eleições autárquicas e nas europeias. Dadas as circunstâncias de
recandidatura, a moção era mais pragmática do que a de 1993. Para o futuro,
previa novo dinamismo porque tinha pela frente “dois anos para dinamizar (...)
dois anos para mobilizar (...) uma estratégia para ganhar”.
Por sua vez, a moção de António
Loja (que depois desistiu) intitulava-se «Um PS PARA TODOS». Lançava para o
debate interno a questão do “Viver em democracia” e da existência de “Défice
Democrático” na Região. Mas no plano interno, António Loja questionava: “Mas
teremos nós autoridade moral para criticar os defeitos dos outros quando nós
mesmos os admitimos na nossa casa? Será legítimo referir o défice democrático
quando praticado pelo PPD e esquecer que nós mesmos toleramos algo de
semelhante dentro do P.S/Madeira?”. Com uma estratégia para a acção futura, a
moção confrontava os socialistas com várias questões de âmbito regional,
nomeadamente quanto à luta “por uma TV de qualidade” e o desejo de lutar “por
uma informação isenta”. E terminava
alertando: “Se os socialistas cederem, por exemplo, à moda do liberalismo
económico e das privatizações sem freio; se os socialistas permitirem que o seu
silêncio seja entendido como descrença na planificação ou como desistência na
participação activa e dinâmica nos sectores básicos da economia, então estarão
a atraiçoar as suas crenças, os seus valores e a sua ideologia. É por isso que
é necessário mantermo-nos atentos às crenças, aos valores e às ideologias e
tornarmos bem claro, agora que se discutem moções e se debatem estratégias,
que, se uma estratégia inteligente e astuta nos pode conduzir à vitória eleitoral,
a falta de coerência ideológica e o pragmatismo idiotizante nos conduzirão à
derrota final e ao descrédito face aos cidadãos desta Região Autónoma”.
Como não podia deixar de
acontecer, a desistência de António Loja motivou a não participação e a travessia
do deserto partidário de muitos militantes nos novos órgãos. Apesar disso, nos
61 nomes da nova Comissão Regional, que elegeu Mota Torres como Presidente do
PS-Madeira, figuravam os de João Conceição,
Duarte Caldeira, Fernão Freitas, Luís Amado, Maria Luísa Mendonça, Gil
França, André Escórcio, Arlindo Oliveira, Emanuel Sabino Gomes, Rita Pestana,
João Isidoro, Rafael Jardim, Jorge Martins, Quinídio Correia e Joaquim Ventura.