PS-Madeira – Estruturas, Congressos e
Líderes (3)
O III Congresso do PS-M
(18/19 de julho 1981) realizou-se na constância do conflito partidário nacional
que ficou conhecido pela oposição do «Ex-Secretariado» a Mário Soares que saiu
vencedor no 4º Congresso Nacional. Esse conflito teve reflexos no PS-M que, a
exemplo das Federações do continente, viu-se na contingência de realizar um
congresso antecipado.
Com esta conflituosidade surgiram duas moções de
orientação política global (uma terceira, subscrita por Góis Mendonça, não
tinha caraterísticas globais) que visavam a eleição de delegados ao congresso
regional que elegia a Comissão de Federação, em que era eleito o Coordenador do
PS-M. Uma dessas moções globais foi de Emanuel Jardim Fernandes (ligado ao
grupo do «Ex-Secretariado») e era intitulada «AUTONOMIA E SOCIALISMO COM O PS».
A outra, subscrita por Monteiro de Aguiar e Duarte Caldeira (afetos a Mário
Soares) chamava-se «RUMO NOVO PARA O PS» (designação igual, apenas mudando a
posição às duas primeiras expressões, à que Mário Soares deu à sua moção, intitulada
«NOVO RUMO para o PS»).
A moção de Jardim Fernandes procurava unir em vez
de fazer alastrar o conflito na Região e defendia uma autonomia para a
Federação do PS na Madeira. A segunda subjugava-se às orientações nacionais
porque “(...) se os militantes escolheram os seus delegados para fazerem
aprovar uma orientação diferente a nível nacional, também o deverão fazer a
nível regional, em consonância com o já aprovado (...) não pode o Partido
Socialista, nas questões de fundo, seguir uma política diferente da aprovada
para o todo nacional”.
A fratura interna determinou a inviabilidade de
existir uma única lista para a Comissão de Federação. Cada grupo apresentou a
sua lista, tendo saído vencedora a de Emanuel Jardim Fernandes. Apesar de tudo,
a política de unidade interna seguida pela direção eleita deu frutos dois anos
depois.
No IV
Congresso do PS-M (3 e 4 de dezembro de 1983), realizado sob o lema «Juntos
vamos conseguir», já reinou a coesão, unidade e fraternidade no seio
partidário. Uma só moção global, intitulada «REFORÇAR A SOLIDARIEDADE,
CONSTRUIR O FUTURO», tinha como primeiro subscritor Emanuel Jardim Fernandes,
seguido de João Conceição, Duarte Caldeira, Virgínia Costa, Teresa Pinheiro,
Manuel Pereira, Ângelo Paulos, Gregório Gouveia e Monteiro de Aguiar. Também
houve uma lista única para a Comissão Regional (deixou de chamar-se Comissão de
Federação). Ou seja, a divisão e a crispação internas, vividas no congresso
anterior, foram ultrapassadas. Também a nível nacional o PS tinha-se reencontrado!
Mas a unidade
conseguida no quarto congresso regional não se refletiu no V Congresso (26 e 27
de abril de 1986). Quatro moções de orientação política global surgiram no
panorama interno. A de Emanuel Jardim
Fernandes intutulava-se «REFLECTIR PARA RENOVAR, CRESCER PARA VENCER»; a moção
de Duarte Caldeira intitulava-se «DESCONTINENTALIZAR O PS/MADEIRA»; uma
terceira tinha como primeiro subscritor Filipe Mota, intitulando-se «MUDAR PARA
GANHAR A CONFIANÇA DOS MADEIRENSES E PORTOSSANTENSES»; a quarta moção tinha como primeiro subscritor Ricardo
Freitas que fazia parte do ”movimento que vai apresentar-se ao V Congresso
Regional com a moção «MAIS ILHÉUS, MENOS ILHAS».
Em termos práticos, as moções de Duarte
Caldeira e de Filipe Mota não tinham como objectivo apresentar candidaturas, ao
contrário do que aconteceu com a de Ricardo Freitas e a de Emanuel Jardim
Fernandes. E mais uma vez este saiu vencedor...
Gregório Gouveia
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