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terça-feira, 17 de março de 2020


PS-Madeira – Estruturas, Congressos e Líderes (3)

O III Congresso do PS-M (18/19 de julho 1981) realizou-se na constância do conflito partidário nacional que ficou conhecido pela oposição do «Ex-Secretariado» a Mário Soares que saiu vencedor no 4º Congresso Nacional. Esse conflito teve reflexos no PS-M que, a exemplo das Federações do continente, viu-se na contingência de realizar um congresso antecipado.
Com esta conflituosidade surgiram duas moções de orientação política global (uma terceira, subscrita por Góis Mendonça, não tinha caraterísticas globais) que visavam a eleição de delegados ao congresso regional que elegia a Comissão de Federação, em que era eleito o Coordenador do PS-M. Uma dessas moções globais foi de Emanuel Jardim Fernandes (ligado ao grupo do «Ex-Secretariado») e era intitulada «AUTONOMIA E SOCIALISMO COM O PS». A outra, subscrita por Monteiro de Aguiar e Duarte Caldeira (afetos a Mário Soares) chamava-se «RUMO NOVO PARA O PS» (designação igual, apenas mudando a posição às duas primeiras expressões, à que Mário Soares deu à sua moção, intitulada «NOVO RUMO para o PS»).
A moção de Jardim Fernandes procurava unir em vez de fazer alastrar o conflito na Região e defendia uma autonomia para a Federação do PS na Madeira. A segunda subjugava-se às orientações nacionais porque “(...) se os militantes escolheram os seus delegados para fazerem aprovar uma orientação diferente a nível nacional, também o deverão fazer a nível regional, em consonância com o já aprovado (...) não pode o Partido Socialista, nas questões de fundo, seguir uma política diferente da aprovada para o todo nacional”.
A fratura interna determinou a inviabilidade de existir uma única lista para a Comissão de Federação. Cada grupo apresentou a sua lista, tendo saído vencedora a de Emanuel Jardim Fernandes. Apesar de tudo, a política de unidade interna seguida pela direção eleita deu frutos dois anos depois.
 No IV Congresso do PS-M (3 e 4 de dezembro de 1983), realizado sob o lema «Juntos vamos conseguir», já reinou a coesão, unidade e fraternidade no seio partidário. Uma só moção global, intitulada «REFORÇAR A SOLIDARIEDADE, CONSTRUIR O FUTURO», tinha como primeiro subscritor Emanuel Jardim Fernandes, seguido de João Conceição, Duarte Caldeira, Virgínia Costa, Teresa Pinheiro, Manuel Pereira, Ângelo Paulos, Gregório Gouveia e Monteiro de Aguiar. Também houve uma lista única para a Comissão Regional (deixou de chamar-se Comissão de Federação). Ou seja, a divisão e a crispação internas, vividas no congresso anterior, foram ultrapassadas. Também a nível nacional o PS tinha-se reencontrado!
Mas a unidade conseguida no quarto congresso regional não se refletiu no V Congresso (26 e 27 de abril de 1986). Quatro moções de orientação política global surgiram no panorama interno.  A de Emanuel Jardim Fernandes intutulava-se «REFLECTIR PARA RENOVAR, CRESCER PARA VENCER»; a moção de Duarte Caldeira intitulava-se «DESCONTINENTALIZAR O PS/MADEIRA»; uma terceira tinha como primeiro subscritor Filipe Mota, intitulando-se «MUDAR PARA GANHAR A CONFIANÇA DOS MADEIRENSES E PORTOSSANTENSES»; a quarta moção  tinha como primeiro subscritor Ricardo Freitas que fazia parte do ”movimento que vai apresentar-se ao V Congresso Regional com a moção «MAIS ILHÉUS, MENOS ILHAS».
 Em termos práticos, as moções de Duarte Caldeira e de Filipe Mota não tinham como objectivo apresentar candidaturas, ao contrário do que aconteceu com a de Ricardo Freitas e a de Emanuel Jardim Fernandes. E mais uma vez este saiu vencedor...

Gregório Gouveia

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