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domingo, 23 de maio de 2021

 

Conflitos das Autonomias da Madeira (32)

 

Na descrição que o Elucidário Madeirense, Vol. II, faz dos efeitos que a I Guerra Mundial provocou na Madeira “ecoou sinistra e sangrentamente na capital deste arquipélago com o bombardeamento do nosso porto por submarinos alemães, nos dias 3 de Dezembro de 1916 e 12 de Dezembro de 1917. Os submarinos inimigos percorreram com frequência as águas deste arquipélago e as equipagens de muitas embarcações a vapor e à vela, afundadas por eles, vieram procurar a sua salvação nas costas marítimas destas ilhas. Vamos mencionar algumas dessas embarcações, e ainda outras que foram torpedeadas ou assaltadas em viagem para a Madeira, sendo possível que a nossa relação apresente lacunas sensíveis, sobretudo com respeito ao período em que a imprensa se viu forçada a omitir a narrativa de certas ocorrências de guerra.

A escuna Senhora da Conceição foi afundada por um submarino alemão, nas costas da França, mas pertencia à praça do Funchal e trazia um carregamento de enxofre para esta ilha. Tinha sete tripulantes e um praticante de piloto, natural da Madeira, desembarcando todos no porto de Gijon, em Espanha. O torpedeamento deu-se   no mês de Abril de 1916.

No mês de Julho do ano referido, saiu do Funchal , conduzindo um carregamento de vinho com destino a alguns portos do norte da Europa, o vapor dinamarquês Moskow que foi apresado e afundado pelos alemães, tendo a companhia de seguros Alliança Madeirense pago a importância da carga (…) na freguesia da Ribeira Brava desembarcaram a 17 de Julho de 1917 os marinheiros que tripulavam o vapor grego Chalkidon, que fora afundado por submarino a 80 milhas da Madeira, tinha 23 tripulantes de dirigia-se de New-York para Marselha.

A cerca de 150 milhas da ilha do Porto Santo foi metida a pique a barca portuguesa Viajante, que trazia carga geral para a Madeira. Depois de três dias de extenuante viagem, chegou a equipagem desta embarcação ao Funchal a 5 de Outubro, seguindo alguns dias depois para Portugal (…) a 30 de janeiro de 1918 foi torpedeado o pequeno vapor Neptuno (antigo Maria), pertencente à praça do Funchal. Saíra na véspera de Lisboa com destino a esta ilha.

A 30 de Março de 1918, foi afundada a 100 milhas do Porto Santo a escuna portuguesa Beira Alta, que trazia de Lisboa para a Madeira 20 toneladas de semilhas, além doutra carga.

Aportaram ao Funchal, nos primeiros dias do mês de Abril de 1918, os tripulantes de um veleiro português, que seguia o rumo dos Açores para Lisboa e que fora torpedeado por um submarino (…).

A 24 de Fevereiro de 1916 o decreto que autorizou a apreensão dos navios das nações inimigas surtos nos portos portugueses, encontrando-se então ancorados na baía do Funchal os vapores alemães Colmar, Petropolis, Guahyba e Hochfeld. Em virtude de ordens superiores, o capitão do nosso porto Sales Henriques, acompanhado do comandante da guarda fiscal tenente Leovegildo Rodrigues, procedeu no dia 2 de Março de 1916 à ocupação daquelas embarcações, tendo os respectivos tripulantes, em número de 100, deixando sem demora os seus navios.  Segundo declarações de alguns tripulantes o governo alemão mandou destruir e inutilizar várias peças dos maquinismos, obstando assim a que os navios pudessem navegar, a esses navios foram postos os nomes de Madeira, Porto Santo, Machico e Desertas (…).

O Diário do Governo de 14 de Abril de 1938 publicou uma relação de 62 pessoas residentes no Funchal, vítimas dos prejuízos causados por um submarino alemão, às quais se reconheceu o direito a certas indemnizações no valor total de 46.451$04”.

(continua)

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