Conflitos das Autonomias da
Madeira (32)
Na descrição que o Elucidário Madeirense, Vol. II, faz dos efeitos que a I
Guerra Mundial provocou na Madeira “ecoou sinistra e sangrentamente na capital
deste arquipélago com o bombardeamento do nosso porto por submarinos alemães,
nos dias 3 de Dezembro de 1916 e 12 de Dezembro de 1917. Os submarinos inimigos
percorreram com frequência as águas deste arquipélago e as equipagens de muitas
embarcações a vapor e à vela, afundadas por eles, vieram procurar a sua
salvação nas costas marítimas destas ilhas. Vamos mencionar algumas dessas
embarcações, e ainda outras que foram torpedeadas ou assaltadas em viagem para
a Madeira, sendo possível que a nossa relação apresente lacunas sensíveis,
sobretudo com respeito ao período em que a imprensa se viu forçada a omitir a
narrativa de certas ocorrências de guerra.
A escuna Senhora da Conceição foi afundada por um submarino alemão, nas
costas da França, mas pertencia à praça do Funchal e trazia um carregamento de
enxofre para esta ilha. Tinha sete tripulantes e um praticante de piloto,
natural da Madeira, desembarcando todos no porto de Gijon, em Espanha. O
torpedeamento deu-se no mês de Abril de
1916.
No mês de Julho do ano referido, saiu do Funchal , conduzindo um
carregamento de vinho com destino a alguns portos do norte da Europa, o vapor
dinamarquês Moskow que foi apresado e afundado pelos alemães, tendo a companhia
de seguros Alliança Madeirense pago a importância da carga (…) na freguesia da
Ribeira Brava desembarcaram a 17 de Julho de 1917 os marinheiros que tripulavam
o vapor grego Chalkidon, que fora afundado por submarino a 80 milhas da
Madeira, tinha 23 tripulantes de dirigia-se de New-York para Marselha.
A cerca de 150 milhas da ilha do Porto Santo foi metida a pique a barca
portuguesa Viajante, que trazia carga geral para a Madeira. Depois de três dias
de extenuante viagem, chegou a equipagem desta embarcação ao Funchal a 5 de
Outubro, seguindo alguns dias depois para Portugal (…) a 30 de janeiro de 1918
foi torpedeado o pequeno vapor Neptuno (antigo Maria), pertencente à praça do
Funchal. Saíra na véspera de Lisboa com destino a esta ilha.
A 30 de Março de 1918, foi afundada a 100 milhas do Porto Santo a escuna
portuguesa Beira Alta, que trazia de Lisboa para a Madeira 20 toneladas de
semilhas, além doutra carga.
Aportaram ao Funchal, nos primeiros dias do mês de Abril de 1918, os
tripulantes de um veleiro português, que seguia o rumo dos Açores para Lisboa e
que fora torpedeado por um submarino (…).
A 24 de Fevereiro de 1916 o decreto que autorizou a apreensão dos navios
das nações inimigas surtos nos portos portugueses, encontrando-se então
ancorados na baía do Funchal os vapores alemães Colmar, Petropolis, Guahyba e
Hochfeld. Em virtude de ordens superiores, o capitão do nosso porto Sales
Henriques, acompanhado do comandante da guarda fiscal tenente Leovegildo
Rodrigues, procedeu no dia 2 de Março de 1916 à ocupação daquelas embarcações,
tendo os respectivos tripulantes, em número de 100, deixando sem demora os seus
navios. Segundo declarações de alguns
tripulantes o governo alemão mandou destruir e inutilizar várias peças dos
maquinismos, obstando assim a que os navios pudessem navegar, a esses navios
foram postos os nomes de Madeira, Porto Santo, Machico e Desertas (…).
O Diário do Governo de 14 de Abril de 1938 publicou uma relação de 62
pessoas residentes no Funchal, vítimas dos prejuízos causados por um submarino
alemão, às quais se reconheceu o direito a certas indemnizações no valor total
de 46.451$04”.
(continua)
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